AS
DOENÇAS MAIS COMUNS
1)
Psitacose ou Clamidiose ou Febre dos psitacídeos
Doença causada pela
bactéria Chlamydophila
psittaci; os sinais clínicos
dessa doença são decorrentes de uma toxina produzida pela bactéria,
que ataca principalmente rins e fígado.
Nas aves, a infecção
pode ser aguda ou crônica. Os casos
crnicos são difíceis de
diagnosticar; uma ave pode incubar a bactéria por anos, de modo
assintomático, aparentemente saudável. Por vezes, podem mostrar-se
sonolentas, encorujadas, com perda de apetite e fraqueza, asas sem
brilho, opacas. Nos casos
agudos, o pássaro fica doente
de repente, com olhos irritados e vermelhos (conjuntivite), com
secreção nasal, anoréxico (perda de peso, podendo chegar até a
quadros de peito seco) e diarréia verde. Ainda, pode desenvolver
problemas respiratórios (dificuldade em respirar, espirros),
letargia, problemas hepáticos, aumento do baço, tremores e
hipotermia. É uma doença fatal, quando não tratada.
A bactéria é
altamente contagiosa, sendo transmitida por via aérea, via fezes e
fluídos respiratórios (a bactéria consegue sobreviver em
partículas por um bom tempo até ser inalada por outro animal). A
transmissão é aumentada pelo contato direto com pássaros doentes
ou infectados. Pássaros jovens e estressados (doentes, em nova dieta
ou em mudança) são os mais susceptíveis.
O tratamento, se
feito corretamente, tem altas chances de cura, e é feito à base de
antibiótico tetraciclina (oxitetraciclina, doxiciclina, vibramycin),
durando 45 dias. Durante o tratamento, qualquer fonte de cálcio deve
ser eliminada. Também devem ser feitas desinfecções freqüentes, e
evitar ao máximo que a ave fique em situações de estresse.
Um ponto a destacar é
que a psitacose é uma zoonose, ou seja, pode afetar o ser humano.
Apesar de ser MUITO raro, pode atacar pessoas imunodeprimidas, como
idosos, crianças, doentes, aidéticos ou grávidas.
2)
Giardíase
Causada por um
protozoário, Giardia
lambia, que parasita o duodeno.
Os sintomas comuns são indigestão, diarréia (verde, aquosa, com
mau odor e muco), má nutrição e má absorção dos alimentos (com
conseqüente perda de peso), pele vermelha, seca e escamosa, coceira
e depenação (em razão do quadro de prurido). A transmissão se dá
por fezes ou pela ingestão de alimento contaminado.
O tratamento é feito
à base de várias diferentes drogas: fenbendazole, paronomycin,
epronidazole, metronidazole e dimetidazole. Também é necessário um
tratamento suporte, com suplementação vitamínica e
anti-histamínicos (no caso de auto-mutilação). No entanto, o
tratamento é difícil, e às vezes o protozoário não é eliminado.
Nas calopsitas, o sintoma mais grave e que pode ser persistente é o
arrancamento de penas.
3)
Aspergilose
Doença causada por
um fungo, Aspergillus
fumigatus, que produz
endotoxinas responsáveis pelo desenvolvimento dos sintomas. Os
esporos do fungo são transmitidos por alimentos, solo ou ar. Quando
os esporos do fungo entram no sistema respiratório da ave, causam
graves infecções respiratórias. Pássaros saudáveis, não
estressados, são muito resistentes. Mas aves jovens ou velhas,
tomando medicamentos, imunodeprimidas, em reprodução ou submetidas
a qualquer outro tipo de estresse são muito suscetíveis, podendo
ser a doença fatal.
Essa doença também
ocorre de forma aguda (em aves jovens submetidas a uma alta carga de
esporos) ou crônica (aves já adultas, que entram em contato com os
esporos de forma constante). Nas aves, é uma doença que afeta,
basicamente, o sistema respiratório inferior (pulmão e sacos
aéreos), mas traquéia, siringe e brônquios também podem ser
afetados, e pode se espalhar para ossos, cavidade peritonial ou
qualquer outro órgão.
Os sintomas na fase
aguda incluem: dispnéia
(esforço para respirar), respiração acelerada, perda de apetite,
congestão pulmonar, secreção nasal, muco, nódulos pneumônicos e
morte súbita. Nos casos crônicos, aparecem: dispnéia, mudanças na
voz, letargia, fezes anormais, regurgitação, aumento da sede,
definhamento, diarréia, anorexia, secreção nasal, conjuntivite,
sonolência, lesões internas nos órgãos respiratórios.
O tratamento é feito
à base de anti-fúngicos (como amphotericin, flucytosine,
fluconazole, itraconazole) e tratamento suporte, com
imuno-estimulantes e antibióticos, além de uma eventual limpeza do
trato respiratório.
4)
Candidíase
Doença causada pelo
fungo Candida albicans;
esse fungo está presente no ambiente e em pequenas concentrações
no trato digestivo das aves. Esse fungo é capaz de causar infecções
em aves muito jovens, com sistema imune imaturo ou submetidas a
tratamento com antibióticos (essa é a chamada candidíase
primária). Candidíase secundária pode se desenvolver em aves já
adultas, tratadas com antibióticos por longos períodos de tempo ou
sofrendo de desnutrição ou alguma outra doença. Os antibióticos
atacam a flora digestiva normal, alterando o crescimento e equilíbrio
dos organismos aí presentes.
Geralmente, o fungo
afeta o trato digestivo superior: papo, proventrículo (músculo
estomacal) e nontrículo (estomago glandular), mas também pode
atacar o trato respiratório, pele e sistema nervoso. Os sintomas
freqüentes são regurgitação, anorexia e demora no esvaziamento do
pão, além de placas brancas na boca.
O tratamento é feito
à base de anti-fúngicos, como Micostatin.
5) Gripe
ou Influenza
Causada pelo vírus
Influenza. Há vários tipos desse vírus, sendo que o tipo A é
capaz de infectar aves e outros animais, incluindo o homem. Mas os
humanos são mais freqüentemente afetados pelos tipos B e C. Os
sintomas dependem da idade, espécie, fatores ambientais e virulência
da cepa viral.
Pode ser uma doença
assintomática. Nos casos agudos, pode causar morte súbita ou
mostrar sinais de depressão, perda de apetite, tosse, espirros,
diarréia, secreção ocular, problemas neurológicos (como
descoordenação e torcicolos).
A transmissão se dá
de uma ave infectada a outra, pelas fezes, secreção ocular ou
respiratória. Essa doença não tem tratamento.
6) Doença
de West Nile
Causada por um vírus
da família Flavivirus,
que ainda não foi descrito no Brasil e é raro na América. A
transmissão se dá por mosquitos (do gênero Culex)
infectados.
A doença pode
aparecer de forma assintomática ou causar morte súbita. As aves
afetadas ficam doentes rapidamente, apresentando encefalite
(inflamação cerebral), febre, estupor, desorientação, paralisia,
tremores e fraqueza. Não há tratamento específico, apenas como
suporte.
7)
Tricomoníase
Causada pelo
protozoário Trichomonas
gallinae, parasita que habita
boca, papo, esôfago e traquéia. Pode causar placas brancas e
inflamação na boca. Além disso, o pássaro afetado apresenta perda
de apetite, vomito, penas eriçadas, diarréia, disfagia (dificuldade
em engolir), dispnéia, perda de peso, aumento da sede e morte.
A transmissão se dá
pela ingestão de alimento contaminado. O diagnostico é difícil,
podendo ser confundido com candidíase, poxvirus e deficiência de
vitamina A. Tratamento à base de medicamentos anti-protozoários.
8)
Salmonelose
Bactérias do
gênero Salmonella causam
infecções em vários animais, incluindo aves e homens. As
salmonelas causam envenenamento da comida, e tanto a bactéria
ingerida como a toxina por ela produzida causam os sintomas da
doença. A transmissão se dá por água e comida infectada.
Os sintomas incluem
letargia, perda de apetite, fezes aquosas, diarréia com sangue,
artrite, depressão e morte. O tratamento é à base de antibióticos
(kanamicina ou gentamicina, dependendo da espécie) e medicamentos
para cortar a diarréia, além de tratamento suporte contra
desidratação.
9) Fatty
liver disease (literalmente: doença de fígado adiposo)
Também conhecida por
degeneração hepática. Ao contrário das outras, essa é uma doença
decorrente de uma disfunção metabólica, caracterizada pela
infiltração de gordura no fígado, com conseqüente aumento do
conteúdo lipídico sangüíneo e falência hepática. É causada por
obesidade ou deficiência nutricional (dietas ricas em gorduras e
pobres em nutrientes essenciais). Há três vitaminas cuja
deficiência está correlacionada com essa doença: colina, metionina
e biotina, todas relacionadas ao metabolismo de gordura.
Essa doença costuma
ocorrer em aves com dietas baseadas em sementes, especialmente
girassol. O tratamento inclui mudanças na dieta (com exclusão de
alimentos com altos níveis de gordura e redução de proteínas) e
aumento na atividade física.
10)
Polyomavirus
vírus que geralmente
ataca psitacídeos jovens (entre 14 a 56 dias); quanto mais jovem,
mais severa é a infecção. Geralmente, as aves aparentam estar
saudáveis por 10-15 dias, e então morrem sem sinais aparentes.
Quando aparecem, os sintomas clássicos incluem depressão, perda de
apetite, diarréia, perda de peso, parada do papo, regurgitação,
diarréia, desidratação, sangramento, respiração difícil,
fraqueza, paralisia, abdômen inchado e tremores.
A transmissão se dá
por cuidado parental, fezes e poeira contaminadas e secreções
nasais. Não há tratamento, e geralmente é uma doença muito
agressiva.
11)
Tuberculose
Causada por bactérias
do gênero Mycobacterium (avium, bovis e tuberculosis).
A transmissão se dá pela ingestão ou inalação de partículas
infectadas.
Há três tipos de
síndromes: (a) forma clássica, com formação de tubérculos ou
granulomas em diversos órgãos; (b) forma paratubercular (com lesões
no trato intestinal); (c) forma atípica, caracterizada por
alargamento no fígado.
Os sintomas comuns
são perda de peso, depressão, diarréia, sede, dificuldade em
respirar e morte.
12) Sour
crop e slow gut
Essas duas desordens
se caracterizam por uma parada do movimento gastrointestinal (no papo
ou no intestino). Sour
crop é um termo de
tradução meio complicada, mas que significa algo como “papo
azedo”. Slow
gut caracteriza o movimento
lento do alimento no intestino.
As duas desordens são
causadas pelo acúmulo de comida estagnada no papo ou intestino,
provocando uma descida mais lenta da comida; isso faz com que fique
cada vez mais comida no papo, e essa vai ficando cada vez mais azeda,
fermentada. As causas disso são: (a) comida muito fria (causa
redução na temperatura corporal, com conseqüente parada do sistema
digestivo); (b) comida muito grossa; (c) superalimentação (causa um
alargamento do papo, com perda da elasticidade e tônus muscular, com
conseqüente redução do movimento da comida); (d) temperatura
ambiental baixa (o calor corpóreo é desviado para aquecimento, e
não pra digestão); (e) infecções por algumas bactérias ou
fungos.
A primeira coisa a
ser feita é verificar se a ave está eliminando fezes (isso é um
bom sinal, pois indica que o trato digestivo não está totalmente
parado) e se o papo esvazia ao menos uma vez no dia. Todo o processo
a seguir deve ser feito em um local quente, para que a ave não tenha
uma hipotermia, e deve ser feito apenas por um veterinário ou alguém
que saiba o que está fazendo.
- Se o papo está apenas um pouco cheio, e já é hora da próxima refeição, injete com sonda 10 ml de Pedyalite e massageie com cuidado o papo. Se funcionar, a ave irá defecar em 1 hora. Repita até que o papo fique totalmente vazio. Só aí dê alimento normalmente.
- Se o papo, ao contrário, não esvazia nem um pouco, será necessário esvaziar e limpar, com a ajuda de uma seringa e sonda próprias. Ao esvaziar o papo, analise o conteúdo: se houver grumos brancos, provavelmente é uma infecção porCandida; se for viscoso e fedido, é problema de infecção bacteriana. Para lavar o papo, misture Nolvasan com água morna (36 a 40 °C) e injete 10 ml, deixando por 2 min, removendo em seguida. Repita o procedimento até que essa água volte limpa. Coloque 5ml de Nystatin no papo (para combater a infecção por fungos) e, após 5 minutos, mais 5 ml de Pedialite morno (contra desidratação) ou água morna. Após 2-3 horas, dê uma quantidade pequena de papinha, bem diluída, e espere ver se a ave elimina fezes. Se isso não ocorrer, a única solução é correr para o veterinário.
13)
PBFD (Psittacine beak and feather disease)
Causada por um vírus
da família Circoviridae. Aves neonatas e mais jovens são as mais
suscetíveis, sendo afectadas pela forma aguda da doença. Nesse caso,
as primeiras penas são sempre fraturadas, ou falhando, apresentam
anorexia, diarria, imunodepressão, depressão e morte, mas com
poucas anormalidades nas penas. Com a queda da imunidade,
desenvolvem-se infecções secundárias (virais, bactérias,
fúngicas).
Pássaros mais velhos
desenvolvem a forma crónica, com penas cada vez mais anormais a cada muda, sendo as mais afetadas as penas de contorno do corpo: elas
ficam curvadas, retorcidas, pequenas, deformadas ou faltantes. O bico
se torna cinza brilhante, com crescimento anormal e quebras.
A transmissão se dá
pelo contato direto de animais afetados, inalação ou ingestão de
partículas infectadas, poeira das penas ou fezes. Não há
tratamento, mas a ave pode viver por muito tempo em um ambiente livre
de estresse e com acompanhamento veterinário.
14) Doença
proventricular
Causada por um fungo
do gênero Megabacterium,
que coloniza o proventrículo (ou estomago), estando presente na
região mucosa que recobre esse órgão. Há duas formas da doença:
crónica ou aguda.
A forma aguda ocorre
quando as aves morrem subitamente em 12-24 hs, mostrando grande
depressão e podendo regurgitar fluido com sangue. A forma crónica é
a mais comum, com perda progressiva de peso, letargia, depressão,
dificuldade de ingestão, regurgitação de material viscoso e com
sangue.
A transmissão ocorre
pela ingestão de fezes contaminadas. O tratamento é feito com
drogas como amphoteracin B e diflucan.
15) Doença
de Pacheco (ou hepatite viral)
Causada por um
herpevirus. Essa doença foi primeiramente identificada no Brasil. Os
pássaros afetados podem morrer subitamente ou apresentar sinais não
específicos, como letargia, anorexia, depressão, penas eriçadas,
conjuntivite, sinusite, diarréia (com uratos verdes, indicando
problemas hepáticos) e tremores.
A transmissão se dá
por secreções nasais e fezes infectadas. O tratamento é à base de
Zoirox (aciclovir).
16) Doença
de New Castle
Causada por um vírus
da família Paramyxoviruses, cuja incubação pode durar de 2 a 17
dias. A transmissão se dá por ingestão oral e nasal de partículas
infectadas.
Os sintomas comuns
são: tosse, espirros, inflamação nasal e ocular, dispnéia,
secreção nasal, depressão, anorexia, letargia, diarreia verde e
volumosa, ataxia, tremores, desbalanço da cabeça e pescoço,
ataques e paralisia dos membros e morte. O sintoma mais clássico
dessa doença são os tremores involuntários de cabeça e pescoço,
quando a ave tenta se mover.
Não tem tratamento,
mas há uma vacina que previne a doença.
17)
Envenenamento por metal
(a) Zinco:
As principais fontes
de zinco que uma ave pode encontrar (e ingerir) são: arames
galvanizados, ferrugem e alguns materiais em brinquedos e comedouros.
O zinco é um metal cumulativo, que se concentra nos rins, fígado,
músculos e pâncreas.
Num caso de
envenenamento agudo, há vomito, ataxia (perda de balanço), fezes
verdes e volumosas e morte. Nos casos de exposição crónica,
desenvolvem-se problemas gastro-intestinais, lesões renais (o que
leva a um aumento no consumo de água e urina), arrancamento de
penas, letargia, ataxia e disfagia.
O diagnostico
geralmente é feito por radiografia e teste sanguíneo. O tratamento
é feito com agentes quelantes, que removem o metal quimicamente
(injecções de cálcio-EDTA, DMSA oral, D-penicillamine), lavagem do
trato gastrointestinal (para remoção de eventuais pedaços de
zinco) e tratamento suporte (com suplementação alimentar,
medicamento e manutenção da temperatura corporal).
(b)
Chumbo:
As principais fontes
de chumbo são soldas, baterias, arames galvanizados, alguns sinos,
papel-alumínio, vitrais e linóleo. O chumbo afeta vários órgãos,
incluindo trato gastrointestinal, fígado, células sanguíneas,
medula óssea e sistema nervoso.
Também pode ocorrer
um envenenamento agudo ou crónico. Os sintomas são anorexia,
regurgitação, diarréia verde-escura, perda de peso, aumento da
sede e urina, letargia, asas caídas, depressão, perda de balanço,
cegueira, tremores, convulsões e morte.
Diagnóstico e
tratamento são iguais aos casos de envenenamento por zinco.
(c)
Mercúrio e Cádmio:
o mercúrio é um
metal difícil de ser encontrado, mas que está presente em termómetros, alguns desinfectantes e alguns medicamentos. O cádmio é
encontrado em soldas, alumínios, tintas e baterias. Os sintomas de
envenenamento dos dois metais são similares, e incluem aumento de
salivação, irritação na boca, pneumonia, sangramento nasal, perda
de penas, diarréia com sangue, problemas renais, ataxia, convulsões
e anemia.
OBS. Não sei qual a fonte que copiei estas informações.
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