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GENÉTICA NOS AGAPORNIS - 2

GENÉTICA NOS AGAPORNIS

2

Apesar de ser um assunto que muitos consideram complicado e de difícil entendimento, isto tem que ser desmistificado.
Nesta primeira fase, os princípios básicos para o entendimento do comportamento das mutações das aves, mantendo a informação ao mínimo indispensável, de forma a não gerar confusões.
A parte 1 é dirigida a quem queira dar os primeiros passos no entendimento da genética das nossas aves. A linguagem aqui utilizada pretende ser o mais acessível possível, sem preocupações com termos técnicos. Na parte 2, a linguagem mantém-se a mesma, mas aborda outros aspectos já com alguma complexidade.

Parte 1
    Como se transmitem as mutações:
Vamos colocar as coisas da seguinte forma.
Cada ave tem um CÓDIGO.  

Este código é constituído de DUAS PARTES.
  • Para gerar uma nova ave, cada progenitor transmite aos filhos UMA PARTE DO SEU PRÓPRIO CÓDIGO.
  • Portanto, o CÓDIGO da nova ave é constituído de UMA PARTE DO CÓDIGO DE CADA PROGENITOR.
Até aqui tudo simples.

Agora vamos entrar com as mutações...

Introdução e Definição dos Termos Utilizados
  • Mutação

Se onde lê “mutação”, pensar em “cor”, é mais fácil de entender do que se está a falar.
No caso dos Roseicollis e dos Forpus, esta analogia funciona perfeitamente, pois as únicas mutações que existem são alterações na cor das aves em relação à cor selvagem.
  • Portadores( o símbolo "/" quer dizer "portador de" )

As aves são portadoras de uma mutação, quando não é visível que tenham essa mutação, mas podem transmiti-la aos filhos. Alguém na “família” dessa ave era de uma determinada mutação, mas a ave só herdou metade do que era necessário para que a mutação fosse visível. ou seja, só uma das partes do seu código é que tem a informação sobre a mutação.
  • Psitacina - Pigmento que pode ser Amarelo, Vermelho, Rosa, Laranja.
  • Azul-Marinho
  • Azul-Marinho Face Branca
  • Face Laranja
  • Pale-head
  • Opalino
    Melanina - Pigmento que pode ser Preto, Castanho, Cinzento, Azul.
  • Ino
  • Canela
  • Pálido
  • Opalino
  • Fallow Tipo I
  • Fallow Tipo II
    Psitacina (amarela) + Melanina ( azul ) = Ave Verde ( cor selvagem )
É fácil de entender que se tirar a Psitacina a uma ave Verde, ela fica Azul.
Da mesma forma se tirar a Melanina a uma ave Verde, ela fica Amarela.

Nota: Nos cruzamentos exemplo, Verde refere-se a uma ave com a Cor Selvagem. A outra ave com mutação, pode ser substituída por uma ave de outra mutação que se transmita da mesma forma.
    Tipos de mutações
    Recessivas:

      Uma mutação é recessiva, quando é necessário que ambos os progenitores mostrem a mutação ou no mínimo sejam portadores, para que possam ter filhos com a mesma mutação, ou seja, a ave precisa de ter a informação repetida nas duas partes do seu código para que a mutação seja visível.
        Se a ave tiver a informação da mutação numa parte do seu código, e na outra parte do código tiver a informação da cor selvagem, a ave será sempre da cor selvagem.
    Isto acontece porque a cor selvagem é sempre dominante em relação a qualquer mutação recessiva.
Para exemplo utiliza-se o cruzamento de Verde com Azul

Nota: Dá para ver que não é muito aconselhável fazer casais de portador com portador, porque não irá saber se os filhos que nascem Verdes são portadores ou não da mutação.

    Rececivos
  • Azul-Marinho
  • Azul-Marinho Face Branca
  • Face Laranja
  • Malhado-Recessivo
  • Fallow Tipo I
  • Fallow Tipo II
  • Edged (cherry)
  • Suffused (cherry japonês)
    Dominantes

      Uma mutação é dominante, quando basta que um dos progenitores mostre a mutação, para que gere filhos com a mesma mutação, ou seja, basta que a ave tenha a informação da mutação numa parte do código para que a mutação seja visível.
    No entanto a ave pode ter um factor (SF) ou dois factores (DF), duma mutação dominante.
    Isto quer dizer que a informação da mutação pode estar em uma parte do seu código (SF), ou nas duas partes do seu código (DF).
      Em aves com um factor, a mutação apresenta metade da intensidade do que em aves com dois factores, e só se transmite a metade dos filhos.
    Em aves com dois factores, transmite-se um factor a todos os filhos.
      As aves NUNCA podem ser portadores de uma mutação dominante. Ou têm a cor da mutação ou não têm.
    Para exemplo utiliza-se o cruzamento de Violeta com Azul.

Por razões ainda não totalmente esclarecidas, nos roseicollis, com a mutação malhado-dominante as coisas comportam-se de maneira diferente.
Não se consegue perceber se uma ave é SF ou DF.
Sempre que acasala dois roseicollis malhado-dominante, alguns dos filhos serão malhados e outros não. Não se conhece até à data nenhum criador que tenha um casal de malhados-dominante em que só tire malhados.

Dominates
  • Factor Violeta
  • Factor de Escurecimento
  • Malhado-Dominante
  • Pale Head
    Ligadas ao Sexo
Esta é das formas de hereditariedade que gera mais confusões.
A diferença de comportamento deste tipo de mutações, deve-se a que a informação da mutação se encontra nos cromossomas ligados ao sexo, que não são iguais nos machos e nas fêmeas.
Imagine que em cada uma das partes do código da ave, estas têm um cromossoma sexual.
Os machos tem um cromossoma X em cada uma das partes do seu código.
As fêmeas tem um cromossoma X numa parte do seu código e um cromossoma Y na outra parte.


O informação necessária para que a mutação seja visível está nos cromossomas X.
Nos cromossomas Y não existe qualquer informação para as mutações. Portanto o que nos interessa é o cromossoma X.
Se uma fêmea, herdar uma parte de um código com um cromossoma X com informação da mutação, a mutação será visível.
O macho no entanto tem um cromossoma X em cada parte do seu código.
Para que o macho mostre a mutação, as duas partes do seu código tem que ter cromossomas X com a informação da mutação.
Se só tiver a informação da mutação em um cromossoma X a mutação não é visível. Aparentemente não faz muita lógica, mas tem uma explicação.
Nas mutações ligadas ao sexo a cor selvagem também é sempre dominante. Portanto, se o macho tiver um cromossoma X com a mutação, mas tiver o outro cromossoma X com a informação de cor selvagem, terá a cor selvagem.
No entanto como as fêmeas só têm um cromossoma X, se esse cromossoma tiver a informação da mutação, a ave terá a mutação visível porque não tem outro cromossoma X a contrariar que isso aconteça, portanto, uma fêmea NUNCA pode ser portadora de uma mutação ligada ao sexo.
Se a informação necessária para que a mutação seja visível está no cromossoma X, e a fêmea só tem um, ou a fêmea tem lá a informação nesse cromossoma X ou não tem.
Para exemplo utiliza-se o cruzamento de Lutino com Verde.

  • Ino
  • Canela
  • Pálido
  • Opalino

Parte 2

Conjugação de Mutações

Até agora foi abordado o resultado do cruzamento de aves com uma só mutação, no entanto podemos agrupar várias mutações numa só ave, por exemplo, uma ave pode ser Canela, Azul-Marinho, e ao mesmo tempo Violeta.

Vamos relembrar a questão do código.
Cada ave tem um CÓDIGO.
Este código é constituído de DUAS PARTES.
Para gerar uma nova ave, cada progenitor transmite aos filhos UMA PARTE DO SEU PRÓPRIO CÓDIGO.
No entanto, em cada parte do código pode estar informação para mais do que uma mutação.
Agora vou-me contradizer em relação ao que disse no início da página.
Nesta altura, já é essencial esquecer que cor têm cada mutação, mas sim pensar no que provoca ao tentar saber que ave resulta do cruzamento de mais de uma mutação, interessa é o que cada mutação altera na ave.


Nota: Se pensar sempre no que é que cada mutação altera na ave, pode facilmente prever o resultado de qualquer associação de mutações.

Exemplos:
  • A ave pode ser Azul e ao mesmo tempo Violeta.
Pode parecer contraditório mas não é.
A informação Azul faz a ave não produzir Psitacina, logo a ave fica Azul.
A informação Violeta faz com que o Azul fique Violeta, logo a ave fica Violeta.
  • Um Albino.
A ave tem a informação Ino para ser Lutino e a informação Azul para ser Azul.
A informação Ino faz a ave não produzir Melanina, e a ave fica amarela.
A informação Azul faz a ave não produzir Psitacina.
Ora, se a ave só tem dois pigmentos, a Psitacina e a Melanina, e tem informação para não produzir nenhum deles, fica Branca. Um albino.
  • Já com algumas particularidades, um Lacewing.
Um Lacewing é uma ave que tem a informação para ser Ino e ao mesmo tempo a informação para ser Canela.
Estas duas mutações são Ligadas ao Sexo.
Ora aqui é que está a grande diferença.

Como se lembra, a informação das mutações Ligadas ao Sexo, está no cromossoma X.

Nota: Não esquecer que o macho tem que ter a informação da mutação nos dois cromossomas X para que a mutação seja visível, mas a fêmea basta ter a informação no único cromossoma X que tem para que a mutação seja visível.

Com o cruzamento destas aves não temos nenhum Lacewing.
O melhor que conseguimos são Machos Verdes Portadores de Lutino Portadores de Canela.

Agora vamos utilizar estes machos na Segunda Geração.
Se cruzarmos um destes machos Verde/Lutino/Canela com uma fêmea Canela, vamos obter o seguinte:

Se cruzarmos o mesmo macho com uma fêmea Lutina, a única diferença é que 50% dos Machos serão Lutino em vez de Canela.
Por mais voltas que dermos, não conseguimos criar um Lacewing.


Então como é que conseguimos criar um Lacewing ?

É necessário que aconteça algo, que é raro e aleatório, para que a informação Lutino e Canela exista no mesmo Cromossoma X. A isto chama-se Crossing-over.
As probabilidades de acontecer são de cerca de 3%.
Portanto o aparecimento de um Lacewing cruzando as mutações Ino e Canela, é casual.
No entanto depois de termos um Lacewing, as probabilidades de essa informação se separar novamente é igualmente de 3%.
Sendo assim, quando já se têm aves Lacewing, o resultado dos cruzamentos é o mesmo de qualquer outra mutação ligada ao sexo.
  • Cruzamento de Pálido com Ino.
Este é um caso particular.
A mutação Pálido é Ligada ao Sexo como a mutação Ino.
No entanto, se cruzarmos um Pálido com um Lutino, não vamos obter os mesmos resultados que mostrei acima com o cruzamento de Canela com Lutino.
Isto acontece porque a mutação Pálido, é uma variante da mutação Ino, menos acentuada.

Imagine que no cromossoma X, existe uma linha onde está armazenada a informação Ino.
Se lá estiver escrito "Produz melanina", é a informação de uma ave Verde.
Se lá estiver escrito "Não produzas melanina", é a informação de Ino.
Se lá estiver escrito "Produz 40% da melanina", é a informação de Pálido.

Sendo assim, a informação Pálido e Ino só têm só uma linha para ocupar em cada cromossoma X ou lá está a informação Pálido ou a informação Ino. Não há espaço para as duas.
No entanto, como os machos têm dois cromossomas X, um deles pode ter a informação Pálido e o outro a informação Ino. A estes machos chama-se Pállidinos.
Explicando isto de uma forma simplista, digamos que um cromossoma X diz para se produzir 40% da melanina e o outro diz para não se produzir nenhuma. A ave chega a um acordo com os cromossomas e produz 20 % da melanina.

Quanto a tabelas:

Se cruzarmos um macho pálido com uma fêmea Lutino vamos obter o seguinte resultado:

Se acasalarmos, um macho Pallidino com uma fêmea Lutino, vamos obter o seguinte:
Nota: Se cruzarmos o mesmo macho com uma fêmea Pálido, a única diferença é que 50% dos Machos serão Pálido em vez de Lutino.
Se acasalarmos, um macho Pallidino com uma fêmea verde, vamos obter o seguinte:
  • Cruzamento de roseicolli Azul-Marinho com Azul-Marinho Face-Branca.
Este é outro caso particular.
As mutações Azul-Marinho e  Azul-Marinho Face-Branca, são ambas recessivas.
No entanto, se cruzarmos um Azul-Marinho e um Azul-Marinho Face-Branca, não vamos obter aves verdes.
Neste caso, a informação da mutação difere somente na quantidade de psitacina que a ave deve produzir,
Cada parte do código só têm só uma linha para ocupar com esta informação.
Como o código da ave tem duas partes, pode ter a informação de Azul-Marinho numa parte e a informação de Azul-Marinho Face-Branca na outra.

Se lá estiver escrito "Produz psitacina", é a informação de uma ave Verde.
Se estiver "Produz 50% da psitacina", é a informação de uma ave Azul-Marinho.
Se estiver "Produz 10% da psitacina", é a informação de Azul-Marinho Face-Branca.
Explicando isto, novamente de uma forma simplista, se a ave tiver uma parte do código que diz para se produzir 50% da psitacina e o outra diz para se produzir 10% da psitacina. A ave chega a um acordo e produz 30 % da psitacina. A estas aves chama-se Apple-Green, ou Seagreen.
Estas aves, na verdade são portadoras em simultâneo das duas mutações, sendo assim, se cruzarmos um Azul-Marinho e um Azul-Marinho Face-Branca, vamos obter o seguinte resultado:


Alterações que cada mutação provoca:


Tipo de mutação
Cauda
Patas
Unhas
Mascara
Remiges
Modo de hereditariedade
Detalhes na cor
Diluído (cherry)
Redução da melanina
em 60 %
Azul-céu desmaido
Cinzento claro
Escuras
Vermelha
Acizentadas, rebordo das penas mais escuras
Recessiva
Cor do corpo verde. Efeito no rebordo das penas.
Suffused (cherry japonês)
Redução da melanina
de 80 % a 90%
Azul-céu muito desmaido
Cinzento claro
Escuras
Vermelha
Cinzento claro
Recessiva
Corpo amarelo com patine
esverdeada
Factor-Ino
Redução da melanina
em 100 %
Branco
Rosadas
Claras
Vermelha
Brancas
Ligada ao sexo
Cor do corpo Amarelo brilhante na Linha Verde. E quase branco na Linha Azul.
Canela
Melanina
castanha
Azul
Rosadas
Escuras
Vermelha
Castanhas
Ligada ao sexo
Corpo verde com patine acastanhada
Olhos vermelhos ao nascer,
tornam-se castanhos aos 8 dias
Pálido
Redução da melanina
em 60 %
Azul-brilhante desmaido
Rosadas
Escuras
Vermelha
Cinzento claro
Ligada ao sexo
Corpo amarelo com leve
tom esverdeado.
Olhos vermelhos ao nascer,
tornam-se castanhos aos 8 dias
Fallow I
Melanina
castanho-acizentado
Azul desmaido
Esbranquiçadas
Escuras
Vermelha
Castanho-acizentado
Recessiva
Corpo verde desmaiado.
Olhos Vermelhos
Nuca mais desmaiada que o canela
Fallow II
Melanina castanho-acizentado mais esbatido que no Fallow I
Azul desmaido
Rosa
Escuras
Vermelha
De branco a cinzento
Recessiva
Corpo amarelo.
Olhos Vermelhos
Sombra esverdeada no abdomen
Malhado Dominante
Ausência de melanina
de forma aleatória
Azul-céu
Variável
Variavel
Vermelha
Variavel
Dominante
Corpo verde, com manchas amarelas
ou brancas
Malhado Recessivo
Redução da melanina
em 90%
Azul-céu
Variavel
Variavel
Vermelha e pode ser menor
Variavel
Recessiva
Os portadores podem por vezes ser reconhecidos
por uma mancha
na parte de dentro dos ossos das coxas.
Azul Marinho
Toda a Psitacina reduzida
em 50 %
Azul-céu
Normais
Escuras
Rosada
Pretas
Recessiva
Cor do corpo Azul-Água, entre o verde e o azul
Azul Marinho
Face Branca
Psitacina reduzida em, 80 - 90 %
Azul-céu
Normais
Escuras
Quase branca
Pretas
Recessiva
Cor do corpo Turquesa. O dorso é  mais azul do que o azul-marinho.
O ventre é quase puro azul. 
Face Laranja
A psitacina vermelha muda para laranja
Azul-céu
Normais
Escuras
Laranja
Pretas
Recessiva
Os pontos na cauda são laranja
Pale Headed
A psitacina
vermelha muda
para rosa-alaranjado
Azul-céu
Normais
Escuras
Rosa-alaranjado
Pretas
Dominante
Os pontos na cauda são Rosa-alaranjado
Opalino
A psitacina prolonga-se
para a parte
de trás da cabeça.
A melanina é reduzida
em certos locais
Quase verde
Normais
Escuras
Vermelha
Pretas
Ligada ao sexo
A cor do corpo por vezes é de um verde desmaiado.
Os pontos pretos e azuis na cauda desaparecem.
Factor Violeta
Esta mutação altera a estrutura da pena e torna a melanina azul em violeta
Factor Escurecimento
Esta mutação altera a estrutura da pena e torna a melanina mais escura

OBS. Não sei qual a fonte que copiei estas informações.

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